A Educação de Jovens e Adultos no Brasil e a Influência de Paulo Freire

Bem vindo ao Blog de discussão sobre Paulo Freire e a EJA no Brasil.

Esse blog foi criado no contexto das aulas de Temas Fundamentais das Ciências da Educação do curso de Pedagogia Noturno na UFMG no primeiro semestre de 2010, com o objetivo de compreendermos a influência desse educador nas práticas educacionais de EJA no Brasil e no uso de tecnologias como recurso didático na EJA, particularmente na região metropolitana de Belo Horizonte.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Entrevista estudante da EJA

Aluna: G
A aluna com 62 anos, faz um relato que retrata a sociedade excludente em que viveu a infância.
Uma sociedade capitalista que valorizava a força de trabalho, marginalizava a mulher, pobre, negro. Inserida nessas características, a senhora G sofreu muito e ia para a escola para comer.Quando chegava em casa não fazia o dever porque tinha que trabalhar na lavoura com os pais. Por isso saiu cedo da escola. Segundo ela, tinha que passar o dia com apenas um pedaço de pão. Família interiorana veio tentar a vida na capital. Quando sua mãe deixou a casa de família em que trabalhava a patroa disse para levá-la embora, pois o máximo que seria era catadora de papel.
Aos dezoito anos, já dominando os afazeres domésticos, essa mesma família que a excluiu quando criança, “brigava” para ficar com ela devido suas habilidades. Ela relata que como não sabia ler, memorizava as receitas que ensinavam para ela e nunca esquecia.
Com quase sessenta anos, trabalhando numa outra casa de família, a patroa sensibilizou com a história dela e de seu desejo de se alfabetizar que pagou aula particular. Após sofrer acidente, tendo de deixar o trabalho, ao se recuperar procurou a EJA, e pretende realizar seu sonho de ser alfabetizada.
Podemos perceber através do relato da senhora G que ela viveu os vários momentos da sociedade capitalista, excludente. Num primeiro momento, é visível a cultura do silêncio, onde todos à sua volta dizia que ela não aprenderia; outro momento, ela era valorizada pelo que poderia realizar, no caso, as tarefas domésticas (exploração- força de trabalho); já com idade avançada vê a oportunidade de voltar ao ambiente escolar. Nesse ambiente, seu tempo é respeitado, bem como suas vivências.
A partir do momento em que a professora dedica tempo para falar sobre receitas, debater sobre noticiários, está colocando em prática, de alguma forma, a teoria de Freire, a pedagogia do oprimido,da esperança, da libertação.

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